Taro (vocábulo de origem taitiana), inhame-coco inhame, taioba, taiova e taioba-de-são-tomé
Colocasia esculenta | |||||||||||||||
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Classificação científica | |||||||||||||||
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Nome binomial | |||||||||||||||
Colocasia esculenta (L.) Schott |
Taro (vocábulo de origem taitiana), inhame-coco inhame, taioba, taiova e taioba-de-são-tomé são nomes comuns dados à espécie Colocasia esculenta (L.) Schott[1] (sinónimo taxionómico de C. antiquorum), da família das Araceae, e aos respectivos cormos comestíveis.
O taro é uma cultura muito expandida nas zonas tropicais e subtropicais de todo o mundo, sendo produzidos anualmente cerca de 9,2 milhões de toneladas de cormos comestíveis, em especial na África Ocidental e na Polinésia, regiões onde assume uma particular importância como base alimentar de algumas populações.
Etnobotânica[editar | editar código-fonte]
Devido a semelhança de cultivos e do uso culinário, em muitas regiões do Brasil há confusão entre o taro, planta do gênero Colocasia, o inhame, do gênero Dioscorea, e o cará, planta do gênero Alocasia e a Xanthosoma da família Araceae. Nas regiões brasileiras com imigrantes japoneses, o taro também é conhecido pelo nome japonês sato-imo (里芋).
O mangará ou taioba, nomes comuns da espécie Xanthosoma sagittifolium, que produz rizomas comestíveis, também pode ser chamado inapropriadamente ou confundido com o taro.
Nos Açores, o taro é sempre chamado de inhame ou inhame-coco, daí também ser também conhecido em outras regiões como Inhame dos Açores. Na ilha de São Jorge e em algumas zonas da ilha do Faial, é chamado simplesmente de coco. A cultura do taro é comum nos Açores, onde constitui a base de alguns dos pratos tradicionais ou serve de acompanhamento para torresmos, enchidos fumados e outros preparados de carne de porco. Na ilha de São Jorge, em particular nas fajãs do concelho da Calheta, o taro constituía a base da alimentação de parte importante da população. Sua importância era tal que o taro (inhame ou coco) está representado na heráldica concelhia e os seus habitantes eram, algo depreciativamente, conhecidos por inhameiros. Em finais do século XVII, uma tentativa de alteração das regras de cobrança do dízimo sobre o taro levou a um levantamento popular conhecido como a Revolta dos inhames, o qual foi somente debelado após do envio de tropas à ilha. Nas margens das ribeiras, o melhor terreno para produção do taro, o valor da propriedade era tal que levou ao registro predial de parcelas com menos de uma dezena de metros quadrados.
No Hawai, o taro está na base da confeção do poi, um dos pilares da alimentação tradicional daquelas ilhas.
Em Madagáscar, onde a cultura é muito popular, os campos de taro são facilmente reconhecíveis graças às escavações circulares feitas em torno de cada planta para favorecer o desenvolvimento do tubérculo.
Dada a sua popularidade em vastas áreas tropicais e subtropicais, o taro recebe diversas designações : nkwa (Gabão), atu, atsu, dilanga, tsanga, monengé, djodo, muha, elendé, colocase, colocásia, songe (na Reunião) e kalo (no Hawai). Na Polinésia, são comuns os nomes callaloo e coco ou coco-yam.
Em Trinidad e Tobago, no Caribe, há um festival de taro chamado "Blue Food Festival" (Tobago). O nome, em português, "Festival da Comida Azul", vem da possibilidade de a raiz adquirir tons de azul durante seu cozimento. Na ilha, o tubérculo é chamado de dasheen.
Características da planta[editar | editar código-fonte]
A Colocasia esculenta é uma planta herbácea vivaz, caracterizada pelo seu rizoma tuberoso, que forma um cormo de aspeto escamoso e de grossura variável, de onde nascem em roseta, na extremidade de longos pecíolos, grandes folhas peltadas que podem atingir 70 cm de comprimento por 60 cm de largura. O limbo é cordiforme ou ligeiramente sagitado, de cor verde mais ou menos carregado.
A dimensão, cor e brilho das folhas dão à planta um interessante aspecto decorativo, o que a torna popular como planta ornamental de interior, recebendo então o nome comum de orelha-de-elefante.
Os pecíolos podem ser verdes ou violáceos, com a coloração arroxeada mais patente em situações de secura e grande exposição à radiação solar, terminando numa bainha curta e imbricada na base.
A inflorescência é uma espádice cilíndrica, com a conformação típica das Araceae, envolvida por uma longa espata. As flores femininas ocupam a base da espádice, com as flores masculinas agrupando-se em torno do topo. A espádice termina por um apêndice acuminado, em geral rosado.
A espata é estreita, enrolando para formar um corneto longo, ligeiramente recurvo no topo.
Os cormos têm casca espessa e rugosa, de cor castanho a quase negro, sendo rodeados por um espesso revestimento fibroso, facilmente removível aquando da colheita. Resultam do espessamento subterrâneo do rizoma, podendo atingir, quando a água seja abundante e o solo solto, grandes dimensões (70 cm -1,5 m de cumprimento e mais de 15 kg de peso).
O interior do cormo é farinhoso, apresentando uma cor que varia do branco ao rosado, ganhando, quando cortado e exporto ao ar, uma cor azulada. Após a cozedura a superfície exposta ao ar enegrece rapidamente por oxidação. Em fresco, quando cortado exsuda uma seiva viscosa e irritante para a pele e mucosas, devido aos ráfides de oxalato de cálcio que contém.
Produção e sua distribuição geográfica[editar | editar código-fonte]
A planta parece ser originária da Ásia, provavelmente da Índia, mas expandiu-se em tempos pré-históricos por toda a Oceânia e por partes da América Central. Foi introduzida muito tardiamente em África. Atualmente é cultivada em todas as regiões tropicais e subtropicais húmidas, sendo provavelmente uma das primeiras plantas em entrar em cultivo.
A multiplicação do taro faz-se por divisão do tubérculo, conservando pelo menos uma gema em cada fragmento. A reprodução por sementes é difícil, tanto mais que a planta raramente produz flor em boa parte das regiões onde é cultivada, em particular nas regiões subtropicais e temperadas.
Em cultura, a planta desenvolve-se melhor em lugares húmidos de solos lodosos, sendo comum a sua cultura nas margens de cursos de água e em locais inundáveis. Suporta bem o ensombramento, podendo ser cultivada no sub-bosque ou em zonas ravinosas.
O taro cultivado em zonas inundadas (chamados inhames-de-água) são maiores e de textura menos fibrosa. Quando cultivados em regiões mais secas, a planta prefere solos profundos e leves. A planta não cresce e entra em rápido emurchecimento foliar quando a humidade do solo é baixa, mesmo que por períodos curtos.
Pode ser cultivada facilmente em associação como outras plantas, como o inhame-verdadeiro e o milho.
A plantação deve ser feita no início da época húmida, durando o ciclo vegetativo de 8 a 18 meses, dependendo da fertilidade do solo e da abundância de água.
A colheita pode iniciar-se logo que as primeiras folhas degenerem, o que ocorre 6-7 meses após o plantio. Dada a dificuldade de manter o taro em armazenamento, a colheita é feita para consumo em fresco, prosseguindo à medida das necessidades de utilização.
Valor nutricional e utilização[editar | editar código-fonte]
O taro é muito apreciado na África Ocidental, na China, na Polinésia, nas ilhas do Oceano Índico e nas Antilhas. De acordo com a Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO), em 2002 a produção mundial de taro ultrapassou os 9,2 milhões de toneladas, sendo os principais produtores a Nigéria, o Gana, a China e a Costa do Marfim.
O tubérculo é rico em amidos, os quais representam de 30%-33% do seu peso seco, mas pobre em proteínas (1%-2% do peso seco) e em lípidos. São uma boa fonte de fibra dietética, vitamina B6 e manganês.
Em fresco, é amargo e irritante devido à presença de numerosos ráfides de oxalato de cálcio, os quais apenas são destruídos por cozedura prolongada. Por essa razão, a ingestão de taro mal cozido pode levar a severos problemas gastrointestinais dada a presença dos ráfides e de compostos irritantes na seiva não processada.
Em geral, os cormos têm uma utilização culinária semelhante à da batata, podendo também servir de base a sobremesas doces. A forma mais comum de consumo dos cormos é a sua utilização cozidos em água, fritos em óleo de palma (na África ocidental) ou em óleo de amendoim (Gana e Polinésia) ou assados sobre a brasa.
As folhas tenras também são comestíveis depois de bem cozidas para eliminação dos ráfides que também contém. Outra utilização das folhas é na feitura de bases de cozedura na panificação tradicional.
As folhas do taro são ricas em vitaminas e em sais minerais de interesse dietético. São uma boa fonte de tiamina, riboflavina, ferro, fósforo e zinco. São ainda uma excelente fonte de vitamina B6, vitamina C, niacina, potássio, cobre e manganês.
Para além dos cormos e das folhas, também os turiões jovens e as flores podem ser cozinhados e utilizados de forma muito semelhante à dos espinafres.
A presença de oxalato de cálcio no taro torna o seu consumo contra-indicado para quem sofra de gota, cálculos renais ou artrite.
O tubérculo, uma vez desenterrado, conserva-se mal, devendo ser consumido em poucas semanas. Esta dificuldade de armazenamento, e por consequência de transporte, faz com que o taro seja na sua maior parte utilizado diretamente pelos produtores, sendo assim uma cultura essencialmente vocacionada para o auto-consumo familiar.
Atualmente, o Brasil desponta como um dos grandes exportadores desta raiz. O estado que mais produz taro no Brasil é Espírito Santo, com especial atenção ao Município de Santa Leopoldina, maior exportador daquele país.
Origem do nome[editar | editar código-fonte]
O vocábulo taro tem a sua raiz na língua do Taiti, tendo sido adotado em português por via da língua francesa. "Taioba" e "taiova" têm origem no tupi antigo taîaoba (ou taîoba)
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